quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Madrugada


"E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar."
Clarice Lispector



Incrível como quando a insônia me encontra, ela demora a ir embora. Quando vejo, já estou sentada na cama pensando coisas e mais coisas com a mente inquieta que tenho e insiste em ter uma boa inspiração quando o sono se perde no silêncio da madrugada. Fico imaginando sobre essa época do ano, o ano que vai vir demais devaneios e ate uma retrospectiva do que fiz o deixei de fazer outrora num papo “animado” com a insônia.
Ela adora me questionar, principalmente sobre o porquê eu não fiz aquilo ou por que não disse aquilo logo e na hora que deveria ter dito, me colocando mesmo contra a parede e mais uma chuva de pensamentos cai por entre a janela aberta, com a lua iluminando a escrivaninha onde fui me sentar, com o calor de verão no ar.
Tento ser bem dura com ela, deito na cama outra vez, fecho os olhos e bingo! Ela fica lá olhando pra mim novamente e não vai embora como deveria ter ido, ou melhor, nem aparecido. Como ela não tem hora pra chegar, nem se quer avisa, manda um recado qualquer, nesses anos aprendi a lidar com ela, deixando-a ir embora sozinha, e enquanto ela não vai e insiste em conversar mais e mais comigo, eu a acompanho, mesmo com um bico daqueles.
Outro dia ela me pegou sobre amores, um assunto que eu evito ao máximo conversar com as pessoas, mas ela não quer nem saber, a senhora questionadora já vai logo argumentando, perguntando, acusando com total curiosidade que só ela consegue. E eu sempre me rendo a responder que por entre tantos encontros, amores, namoros, juras e todo esse clichê que sabemos, eu tenho trauma deste assunto. Não possuo um histórico que me faça querer um novo amor, sempre tive decepções e tudo o mais que ela já esta acostumada a ouvir, mas sempre pergunta outra vez pra ver se mudei de idéia e aceitei um novo amor na vida. Coisa que sinceramente, vai demorar pra acontecer, e o príncipe encantado terá muito trabalho de me mostrar o contrario para que ele consiga que eu me renda a deixá-lo a arrancar, quebrar com a espada os cadeados que me rodeiam.
Confessei a ela que sinto saudades, do tempo que não tinha nenhum receio com a vida e tudo o que fazia nela, onde era eu e mais nada e poderia ser assim com todos e nem ligava. O que realmente confessei a ela é que sinto falta de poder ser eu mesma, com todos, a toda hora a qualquer momento, viajar por ai, colocar o que penso não só no blog. Sinto falta de algo a mais, que me dê asas pra nunca mais voltar ao chão.

Fabby 

Ao Som: Coisas Que Eu Sei - Danni Carlos