quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Mãe é Um Caso Sério!


"Nenhuma influência é tão poderosa quanto aquela de mãe."
Sarah Josepha Hale 


Sempre ouço aquela velha frase "mãe é tudo igual, só muda de endereço", mas eu discordo. Cada uma é de um jeito não tem como comparar. Sempre acabamos achando algo parecido entre elas, mas todas têm sempre com um quê de diferencial.
A frase "mãe é uma só" também é muito usada, mas por mais que mãe seja só uma, é impossível considerar mãe só aquela pessoa que te gerou. Existem inúmeros motivos para que não só a sua “realmente mãe” seja considerada, é preciso muito mais que simplesmente gerar. Envolve todo um carinho, dedicação, crescimento e tudo o mais que uma criança precisa pra que no futuro seja simplesmente uma pessoa excelente. E com isto poder chamar a pessoa importante que te fez ser o que é hoje, de MÃE.
E as preocupações.... isso posso dizer que mãe que é mãe de verdade, tem tudo parecido nesse quesito. Pergunta um questionário inteiro da ficha até criminal sobre seu novo namorado, amigo, galera da escola, etc. Quando sair então, se prepara que lá vem as famosas perguntas sobre horas, lugares, pessoal acompanhando você. Uma dica. Jamais esqueça o celular desligado. Se ela não conseguir falar com você, se prepara que já era. Ela vai ligar pra tudo quanto é pessoa que ela tem o telefone que te conhece, vai ligar para os prontos socorros da cidade inteiras e ate delegacia de polícia a sua procura. E só ira sucegar ate te achar. xD
Mas bom, MÃE  é um caso sério, mas um caso sério que amamos e concerteza podemos resolver cedo ou tarde qualquer problema que apareça envolvendo ela ou não. Por que ela é a sua melhor amiga, a sua melhor proteção, sua jóia rara. Aquela pessoinha que te aturou urrandooo na orelha dela, que te aturou 9 meses na barriga, que te ama mesmo você fazendo mancadas e te acha a pessoa mais maravilhosa do mundo e que ninguém consegue convênce-la do contrário. Mãe é uma só e não vive pra sempre, só em nossos corações. Diga a ela que você a ama sempre, beije-a, elogie-a. Faça tudo que puder. Um dia você vai perceber que fazer isto, faz toda a diferença na sua vida.

Uma singela homenagem a minha mãe que tanto amo. s2

Fabby 

Ao Som: Titãs - Epitáfio

Alguém Que eu Ame

"Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil.
Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e
quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção.  A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar
de compreensão ou mesmo de aflição."
Artur da Távola


Quero alguém que me entenda
Que viva comigo, seja cavalheiro.

Quero alguém que acompanhe meus passos
Minhas idéias, meus planos.

Quero alguém que me veja atraente
Linda, inteligente e diferente.

Quero alguém que eu sinta prazer em admirar
Sinta-me orgulhosa, tranqüila e completa.

Quero alguém perfeito pra mim
Que sinta saudades e venha matá-la.

Quero alguém pra vida toda
Não só por um ano ou dois.

Quero alguém que me diga EU TE AMO
Verdadeiramente em sincronia.

Quero alguém que não viva sem mim
E que eu não viva sem por opção.

Quero alguém pra ser feliz comigo
E sermos felizes separados também.

Quero alguém que me ame pelo que sou
E que não queira me mudar por nada.

Quero alguém que me faça surpresas
Criativas, divertidas e românticas.

Quero alguém que não me esqueça nunca
Que saiba o que penso e o que gosto.

Quero alguém que pense não como eu penso
Mas que esteja em perfeita sintonia.

Quero alguém raro, que se chama:
AMOR VERDADEIRO.

Fabby

Ao Som: Barão Vermelho: Pedra, Flor e Espinho

Amigos

"Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você"
Kim Hubbard 

"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas
não se encontram por acaso."

Charles Chaplin

http://inequacaodemovimento.blogspot.com/

Amigos? o que dizer de anjos sem asas, pessoas que sem elas não viveria nem um segundo nesse mundo doido de hoje em dia? rsrs
Esse post de hoje é uma homenagem a todos os meus amigos e amigas, que são super importantes pra mim, aos quais não vivo sem, aos quais me importo sempre, aos quais adoro ter por perto, mesmo que não os veja sempre, no meu coração vocês sempre estaram lah...intactos...sempre lembrados!
Quero dizer com toda sinceridade do mundo, thanks por fazerem parte da minha vida, por me aturarem, por tentarem lidar com essa mente inquieta e melodramática que é a minha, e que muitas vezes vocês desistem e não entendem mesmo com tantos esforços rs rs.
Enfin, Obrigada Amigos Queridos.

OBS: Vocês devem estar se perguntando quem é o cara da Fotu. Bom obviamente é um dos meus melhores amigos, que não o vejo faz tempo, mas gostaria de reencontrá-lo um dia. Foi uma homenagem a ele também, por que não sou fácil de aturar e ele concordará comigo rsrsrs

=D

Fabby

Ao Som: Barão Vermelho - Meus Bons Amigos

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em Algum Lugar

"Ainda encontro a fórmula do amor"
Leoni


Venho andando
Venho procurando
Venho tentando
Você existe, eu sei

Em algum lugar você está
Em algum lugar você mora
Em algum lugar vou te encontrar
Você existe, eu sei

Como você é, eu não sei
Como você se sente, eu não sei
Como o vejo, também não sei mas
Você existe, eu sei

Um dia te encontrarei
Um dia voltarei a ser completa
Um dia, eu espero.
Você existe, eu sei.

Fabby

Ao Som: Biquini Cavadão - Você Existe, Eu Sei.

Quem Sou Agora?

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto

 Renato Russo



Os dias passam parecendo "nada"...
Cada palavra, ato e hora!
Toda história está guardada...
Só queria saber quem sou agora!
As semanas são como nuvens de chuva no inverno...
Demoram a passar junto comigo neste caderno!
A noite está como digamos normal...
Não tem mais seu ar especial!
Não sei quanto tempo issu vai durar...
Preocupações estão lá fora!
Aqui dentro...
Não acabam nunca...
Só queria saber quem sou agora!

 Fabby

Ao Som:  Dami Lovato - Different Summers

Alguém que te dê Segurança

"A segurança do sucesso está nas bases sólidas
          que sustentam os degraus que o levaram para cima."
Valdeci Alves Nogueira

Cena 1:
Pego o prato servido, e o preço anotado diretamente da balança. Meia volta, e vê. Dois casais, horário de almoço, mesa para quatro pessoas. É como se a solidão aumentasse em zoom preciso, umas dez vezes, e eu então além de poder senti-lá, posso vê-la. E então, olhares. A menina que está de frente pra mim, sentada ao lado de seu possível namorado, affair, amigo colorido, me encara com vontade. Com força. Veemência. Furiosa. Como um cachorro que não larga o osso por nada, só falta rosnar. Passo com classe e elegância, e sorrio com ironia. Levanto, pego uma sobremesa, e o par de olhos verdes, continua a me encarar. Nem bonito era o rapaz. Mas bateu nela, e eu vi o que transpareceu no ar: insegurança, a própria.

 
Cena 2:
Casal anda feliz pelo Centro da cidade. Caminha de mãos dadas, sorrisos e conversa leve. Sem pressa, e nem pique. Enrolando-se na cordialidade e paixão um do outro. A menina atrasada, caminhando com a velocidade de um furacão, quase correndo. Vestida às pressas, cara limpa, polainas nos tornozelos. Vem ao encontro, de frente e olha o relógio: dá pra caminhar com calma, o tempo joga a seu favor. A mulher apaixonada nota sua presença fugidia - e por que não, charmosa. Aperta forte a mão do companheiro. Muda o tom da voz, a face parece congelar. A garota afobada também a vê. E passando pelos dois que antes pareciam felizes, e agora discutem um problema que não existe, a menina que apenas está atrasada pra sua unica aula matinal percebe mais uma vez, a doença de tantos relacionamentos: insegurança.

Não deveria existir, pra quem segura mãos. Tão pouco, raspa pratos com cumplicidade, e escolhe com charme a sobremesa. Não acredito em relacionamentos que não transbordam cumplicidade, confiança e mais, segurança. Como vencer as tantas barreiras e pilares, obstáculos e provações, sem se ter certeza de que, ao nosso lado, está alguém que não vai nos soltar ao menor sinal de perigo? Diz a letra do Gessinger, e a gente canta em sincronicidade: Você precisa de alguém, que te dê segurança; se não você dança. Se não você dança. E baila mesmo.

Segurança, não é ouvir cinco vezes por dia "eu te amo". Muito menos, dizer. É sentir que a pessoa que caminha do seu lado, te busca na sua porta, e te liga por pura vontade, quer estar ali por uma escolha dela - e  não, por uma imposição sua. É dar liberdade, sem esperar que a pessoa também te dê. A velha estória de que, a liberdade em si, é o que prende o mais livre dos seres. Ter certeza, ninguém tem. Mas a gente sabe; a gente sente. Sinceramente, não sei o que leva pessoas a ficarem tão inseguras. Garota, ele segura a sua mão, porque ele quer. Tenho certeza de que, ele não está com você apenas pela beleza, e não vai ser a harmonia de formas que ele avista na rua, que vai comprometer o relacionamento de vocês. Geralmente, quando a cárie dos apaixonados resolve bater à porta, o problema está mais afundo, mais complexo. E o relacionamento, já vem se definhando. Os últimos a perceber, são quem nele está submerso. O que acaba um casal feliz não é uma mulher em si, e sim, a vontade de trair, de colocar um ponto final. As questões do sub-consciente que ninguém gosta de visitar, disfarçadas. Você está aí acompanhada, enquanto aquela mulher, por mais formosa que seja, está ali sozinha. Pode até ter alguém no pensamento, no coração. Porém no momento, não passa de uma cidadã solitária. Quem deveria estar nervosa, remexida por dentro: você, ou ela? Se algo não vai bem na relação, não adianta apertar mais forte a mão do outro, ou fazer um show de demonstrações de afeto. Prender ainda mais, faz soltar-se sozinho. Ele quer cuidar, amar e ser feliz. E acredito que, numa prisão, é o último lugar da face da Terra que ele desejaria estar. Então, pare de encanar com o que não vai acontecer nem em pesadelo, e fique contente - trate bem quem gosta de você, e se uniu à pessoa maravilhosa que com certeza você é, e esqueça-a. Não custa lembrar, mas: ela é apenas bonita, e não o fim do amor eterno em que você vive. Geralmente, ela nem a ver com tudo isso tem. E isso tudo é o que na minha indignação e frustração, frente ao namoro dos outros, eu gostaria de ter dito. Pela intimidação das mulheres inseguras, eu deveria ter falado. Porque o outro lado solitário, sofre - mesmo calado, e nessa época do ano.
Fique alegre se você tem alguém do seu lado, e mais alegre ainda se você não tem: a sorte sorri para alguns, e promete acontecer para todos. Estar atento, e curtir o momento, é a chave pra qualquer relacionamento de sucesso, começando pelo mais ilustre de todos eles: o amor-próprio. Além de tudo, exercitar tal arte, é delicioso. Have fun! 

 
Camila Paier -  http://calmila.blogspot.com/

Ao Som: Coeur De Pirate - Ensemble

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Lembranças, Vida, Agora.

"O que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia".
Leoni



Abrindo meu armário hoje de manhã me deparei com uma caixa, aquela caixa que abro de vez em nunca ou dependendo do andar da carruagem as vezes, onde contem todos os detalhes, mesmo minúsculo do meu passado. As vezes é um tanto doloroso abrí-la, me pego tomada pela velha e conhecida saudade de quando tudo começou, passou e ficou guardado como num filme na memória com direito até a trilha sonora.
Engraçado como a vida passa rápido demais e a gente tenta acompanhá-la da melhor maneira possível, nem sempre com um grande sucesso esperado pelo público ou pelo artista. Ela nos passa uma rasteira daquelas bem doloridas quando tocamos o chão, mas também nos trás diversas coisas infinitamente boas que jamais teriamos imaginado que aconteceria naquele exato momento. 
Ai que vemos onde está a graça da vida, que se fosse tudo muito fácil não teria emoção, aquele gosto bom de vitória, saudade, um quê de quero mais, um olhar diferente, a calmaria de uma reconciliação. Tudo tem um sentido, depois que passa a gente da risada, aprende, corrigi, revisa e tudo o mais. Agradeça sempre pelo seu dia, por tudo o que tens pra fazer nele. Uma vida sem batalha, já é uma grande derrota.

Fabby

Ao Som: Charlie Brown Jr. - Só Existe o Agora

Estado Civil: Desinteressada

"Eu fiz um acordo com o amor...
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele...
Qualquer dia a gente se encontra e,
Dessa forma, vou vivendo
Intensamente cada momento"...
Mario Lago



E daí que eu sou só falta de interesse em tudo que não me atiça os olhos, ou palpita as veias. Abnego toda e qualquer coisa que não me dignifique como realmente me sinto: no topo, inatingível. Hoje eu é que me sinto mais madura e tão mulher pra mais da metade, ou praticamente todos, os caras que passaram na minha vida. Só me deixo sair da linha pelo que for maravilhoso, singular, diferenciado. Ou valer muito a pena. Deixo meu coração trancafiado às sete chaves, porque para chegar até o cerne, até o limite onde hoje ele se encontra denso e escondido, será uma verdadeira prova de fogo que quem se queima cai fora - onde falta capacidade, me sobra agora indiferença. Sem vidas a mais, sete, cinco; apenas essa única com a qual viemos à Terra e não há data marcada para o fim. Tudo porque minha preocupação em ser altruísta é tão leve e companheira da minha própria presença, que minha vontade é muito mais de seduzir e cair fora, do que simplesmente tentar ver em todo e qualquer homem alguma coisa boa que me faça prestar atenção com mais destreza e sensibilidade. Não vale a pena, eu penso. Me cansa inteira ficar desenrolando alguma paixão onde já se fecharam portas - ou há janelas que nunca penso em deixar abertas - e ouvir de todo mundo que as pessoas mudam, e merecem chances, e que só irei saber realmente onde dá, se tentar. Quando na realidade, sei que se ocupamos nosso tempo tentando fazer com que qualquer sentimento desponte por quem não nos completa, nem nos faz pensar furtivamente em alguma hora do dia, seja no caminho pra casa, ou naquele cartaz de filme exposto em frente à locadora, não vale a pena. Isento qualquer preocupação previsível de futuro. E curto, tento aproveitar ao máximo. Rio, e danço, sem pensar nem no amanhã e nem em dia nenhum, querendo apenas que o hoje me faça deitar na cama e pensar: foda-se todo esse mundo, eu me diverti. As pessoas que se preocupem consigo mesmas e suas felicidades irreais, ilusórias. Não foi a isso que me fizeram acatar? Inscrita no desapego way of life, desbanco oportunidades, e esbanjo despreocupação por aí. Incrivelmente, isso atrai.

Agora são os outros que esperam essas minhas ligações que não ocorrerão, e respostas de perguntas que detesto e deixo no ar, tudo porque já fui por demais pisoteada, e se num dia somos caçador, a glória de ser caça e fugir pra longe, correr veloz, chega também. Nenhum apego, isenção de afetos. Sem mais pensamentos depressivos em músicas suaves, ou vontades incontroláveis de ligar para o que um dia fez total sentido. E o melhor: ver que esse lado da moeda (ou proposta temporária de vida) pode ser algo altamente interessante. E benéfico. Que funciona muito melhor ao ego do que fazer as unhas na sexta-feira ou comprar um par de sapatos. Ou cortar o cabelo, ou escutar cinco cantadas por quarteirão percorrido. Quando você está por cima, você realmente se sente poderosa e feminina, meio como aquelas mulheres escorregadias dos filmes em preto e branco, década de cinquenta, que amam quem não devem e fazem sofrer aqueles que insistem em tentar mergulhar em algo que os afogará. Capaz de sair de táxis em movimento, e atravessar a rua com um sorriso na face, em fuga. Sem se sentir vadia, ou promíscua, apenas uma lady que se preocupa apenas em manter a vida ocupada, e a mente leve, sã. Que vai vivendo, e vendo no que dá, enquanto nada a faça novamente suar as mãos, ou manifestar os tão antigos e apegados sentimentos de ansiedade frequente. Uma menina que arranca e larga flores pelo caminho, deixadas ao chão, ou em árvores aleatórias, até o encontro do girassol que a faça envolver o mundo, e desprender toda sua majestosa atenção. E que valha a pena, na mesma medida altamente real que ela também vale.

Camila Paier - http://calmila.blogspot.com/

Ao Som: Cool Rider - Grease 2

Orgulho

"Somos todos uns tolos, quando nos apaixonamos."
Charlotte Lucas - Filme Orgulho e Preconceito


Foi logo no começo, e eu vi que você não seria fácil. Não pelos rodeios na fala, nem o sorriso de lobo. Quem sabe, pelas fugas retornadas. Pensei, um pouco anestesiada e outro tanto como mãe quando com dor de cabeça que: vai ter despesa. Vai ser amor fiado, dívida não paga. Cheque que volta: sem fundos. Só eira, nenhuma beira para se firmar. Ora amor; outro tanto sumiço, ódio, reviravolta.
Hoje eu sinto uma vontade de que você volte como com gosto de começo, florescimento de início: desabrochando no meu peito qualquer galho ou ramificação que hoje sobrevive por aparelhos e não consigo desligar. Detesto ainda mais a nostalgia que essa época do ano remete. Relembrar tudo que prometeu e não decolou, avaliar cada erro do que já parecia caso encerrado. Reabrir o processo. E continuar exercitando a esperança, como sempre fiz. Pensar que de repente, entre familiares e presentes, ilumine a idéia e reflita: fui idiota, quero voltar. Com atos impensados, e desmedidos. Buquê de flores, cartão, ligação imediata. Mesmo o caminho atribulado, opositor. Com pontes quebradas, e asfalto já escasso. Mas você conserva apenas essa soberba desprezível, se colocando no pedestal mais alto possível, o qual caí enquanto tentava escalar a sua altura - sempre em vão.

Pela primeira vez, passei por entre comércios e bancas, e adquiri o arquinimigo número um do perdão. Tudo porque, meu erro foi em não pecar somente uma única vez. E me desculpar a cada pequeno erro, tão logo fosse possível, carecida de piedade. Assistindo ao seu descaso, e 
ascensão própria, se pensando o rei não só da cidade, como da vida e situações corriqueiras. Praticamente, dono do universo. Eu, e meus pés no chão, querendo voar. Você galgando o impossível, o mais alto dos céus. Se orgulhando apenas de si próprio, e não de quem queria de alguma forma ter uma foto sua na carteira ou no mural do quarto. E agora eu caminho, enquanto sei da sua tentativa em voar. Trilho minha rota a cada dia, e você gira em círculos, no cerco pequeno em que se fechou. Com alguma luz, que não aceita e nem ao menos vê. Num momento de fraqueza, tento o que já sei ser fracasso. Escuto tua voz, finjo o que imagino, fantasio situações. Tremo. Meses depois, e um momento de fraqueza apenas para me fazer questionar atitudes tomadas, decisões acertadas comigo mesmo. Sensação boa, e ao mesmo tempo, ruidosa. Felicidade deprimente, conclusão: me trai. Tudo porque não sou personagem, mas em minha descrição posso ler passional e intensa, e não consigo incorporar ao texto o vocábulo equilibrada, nunca pertencente a mim. 
Continuo orgulhosa, porém. Dos meses que me 
reestruturei, das falas que aprendi a desdobrar. Admitindo que foi uma brincadeira, o delírio de uma noite alcoolizada. E foi bom, foi ótimo. Estremecida quando em contato com a sua voz, de uma alegria incontida. Porém fugaz, fraca, sem abraçar por completo a causa de que a saudade que mais dói é essa, a de não poder operar em nada para que por fim, as coisas mudem. Você se toque, sinta a tal falta, ligue a qualquer hora. Reconheça minha habilidade em viver e destemer o destino, a high way, o desconhecido; intensa.
Porque se você colocar o seu orgulho no lixo, eu afogo o meu no ralo do banheiro. Me afago nos teus braços, e me rendo. Se renda também. E eu podia soltar a mão do orgulho, de vez, se ao mesmo tempo você fizesse isso também. Como bandidos, sem munição: armas ao chão.

 Sabendo que meu maior recurso é o sorriso no rosto, e a pele dourado é então verão, e que o orgulho seja de mim mesma, assim como o amor se tornou próprio. Pra que a gente também nunca atire um contra o outro essa vaidade toda, dos nossos egos superlativos. Mesmo em trajetos contrários, tornar o corpo para trás e atirar ao longe fere, fere e fere. Quando acerta.

 
Camila Paier - http://calmila.blogspot.com/

Ao Som: Regina Spektor - Fedelity

domingo, 26 de dezembro de 2010

Domingo

"Um domingo a tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente - como em dores de parto - e vi que a menina em mim estava morrendo. Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim."
Clarice Lispector



Peguei um lápis, uma caneta e meu velho bom amigo caderno de escritos. Que vou escrever? Paro, penso, olho para o lado, pela janela no tempo que acabou de fechar e com certeza não demorará muito ate as gotas começarem a molhar o chão quente que o sol deitou. Voltei para o papel e comecei minha linha, sem muito sucesso apaguei todas as palavras que não me agradavam, enfim elas estavam me deixando irritada, e pensei “Porque não consigo escrever uma linha se quer”. Direcionei-me a observar o livro que estou lendo, onde duas crianças órfãs estão em uma caça ao tesouro perdido e mais famoso da história do mundo e da família a que pertencem, terrível eu sei, mas eu gosto de histórias épicas, misturadas com realidade, mistério, romance e tudo o mais, não sei por que este meu gosto, talvez seja porque queria estar numa dessas histórias, mas este assunto fica pra outra hora.
Olhei para o papel, ainda em branco em cima da mesa, com meus dedos rodando o lápis, sem saber o q dizer com tanta coisa pra se falar embaralhada nessa cabeça cheia de idéias, nessa minha capacidade de tentar escrever sobre o que vejo, sinto, penso a todo o momento. Talvez eu deva ser como Clarice: “Escrevo para me manter viva”. Coloquei um pouco de coca-cola num copo, e enquanto tomava e olhava as pessoas pela janela, pensei ao ver uma criança fazendo o mesmo, no tempo em que era muito mais divertido tomar um copo de coca-cola, onde tudo era mais fácil, inocente e a sinceridade vinha à tona sempre que precisava sem ser barrada. Eu não consigo não ser assim sincera até hoje, sempre quando tento me entrego na hora, mas não reclamo disto. Gosto-me assim, apesar de tudo, vale a pena ser honesta e sincera com as pessoas, seu coração agradece e muito no final.
Começou a chover, fechei a janela e fiquei observando as gotas baterem no vidro olhando as pessoas abrirem seus guarda chuvas e se protegerem da água que caia em suas cabeças. Lembrei-me da ultima vez em que tomei um banho de chuva, na praia num final de tarde do começo deste ano. Coisa mais divertida que existe, se pudesse faria o mesmo agora. Peguei a caneta e comecei a escrever algo, já que o lápis não me dava muita sorte na escrita hoje. Comecei meu poema, fiz três linhas e o apaguei, refiz e o apaguei várias vezes. Tinha algo estranho no ar. Eu não estava conseguindo escrever. Coisa rara de se acontecer principalmente nesta época do ano onde minha mente adora fazer retrospectiva do que se passa, passou ou que ainda pode passar. Percebi que estou fria, e isto não é normal. Sempre me sensibilizo com uma criança fofa brincando, ou um cachorrinho pequeno e sou chorona que só. Assisti a um filme água com açúcar que todas às vezes que assisto choro e não chorei. Há algo errado comigo. Talvez eu conheça a resposta e não queira admitir, acostumei em ficar só. As coisas andam tanto faz. Eu não acredito e muito menos confio em quase nada e em quase ninguém, só em mim. Deve ser os tombos que tomei as coisas que ouvi por ai e os cortes que ainda estão cicatrizando que me deixaram ultimamente assim. O pior de tudo é que não sinto falta de mudar, pelo menos não agora. Talvez eu precise de algo que toque minhas mãos e meu coração e faça minha vida mudar. E enfim escrevi.

Fabby

Ao Som: The Beatles - All You Need Is Love (Versão Across The Universe)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Madrugada


"E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar."
Clarice Lispector



Incrível como quando a insônia me encontra, ela demora a ir embora. Quando vejo, já estou sentada na cama pensando coisas e mais coisas com a mente inquieta que tenho e insiste em ter uma boa inspiração quando o sono se perde no silêncio da madrugada. Fico imaginando sobre essa época do ano, o ano que vai vir demais devaneios e ate uma retrospectiva do que fiz o deixei de fazer outrora num papo “animado” com a insônia.
Ela adora me questionar, principalmente sobre o porquê eu não fiz aquilo ou por que não disse aquilo logo e na hora que deveria ter dito, me colocando mesmo contra a parede e mais uma chuva de pensamentos cai por entre a janela aberta, com a lua iluminando a escrivaninha onde fui me sentar, com o calor de verão no ar.
Tento ser bem dura com ela, deito na cama outra vez, fecho os olhos e bingo! Ela fica lá olhando pra mim novamente e não vai embora como deveria ter ido, ou melhor, nem aparecido. Como ela não tem hora pra chegar, nem se quer avisa, manda um recado qualquer, nesses anos aprendi a lidar com ela, deixando-a ir embora sozinha, e enquanto ela não vai e insiste em conversar mais e mais comigo, eu a acompanho, mesmo com um bico daqueles.
Outro dia ela me pegou sobre amores, um assunto que eu evito ao máximo conversar com as pessoas, mas ela não quer nem saber, a senhora questionadora já vai logo argumentando, perguntando, acusando com total curiosidade que só ela consegue. E eu sempre me rendo a responder que por entre tantos encontros, amores, namoros, juras e todo esse clichê que sabemos, eu tenho trauma deste assunto. Não possuo um histórico que me faça querer um novo amor, sempre tive decepções e tudo o mais que ela já esta acostumada a ouvir, mas sempre pergunta outra vez pra ver se mudei de idéia e aceitei um novo amor na vida. Coisa que sinceramente, vai demorar pra acontecer, e o príncipe encantado terá muito trabalho de me mostrar o contrario para que ele consiga que eu me renda a deixá-lo a arrancar, quebrar com a espada os cadeados que me rodeiam.
Confessei a ela que sinto saudades, do tempo que não tinha nenhum receio com a vida e tudo o que fazia nela, onde era eu e mais nada e poderia ser assim com todos e nem ligava. O que realmente confessei a ela é que sinto falta de poder ser eu mesma, com todos, a toda hora a qualquer momento, viajar por ai, colocar o que penso não só no blog. Sinto falta de algo a mais, que me dê asas pra nunca mais voltar ao chão.

Fabby 

Ao Som: Coisas Que Eu Sei - Danni Carlos

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mulher Pra Outra Vida

"Sem preferências físicas ou de números.
Não tá faltando homem, o que tá faltando é amor."
 Marilyn Monroe


- Texto escrito sobre o pensamento de um cara.

Conheci a mulher da minha vida. Pra hoje não, que tô cansado demais, e minha única companhia vai ser o controle remoto, um pote de pipocas e minha mão dentro da cueca. Mas pra semana que vem, quem sabe, quando eu tiver a fim de dar umazinha e com um tédio da vida, daí vai vê ela pode servir pro momento, ou tomar alguma atitude inesperada de vadia desvairada, ou mulher independente e indiferente que a faça subir no meu conceito. Depois do sexo, é claro. 
Ela é praticamente perfeita, cara. Daí você pode estar se questionando, ou com uma puta vontade de me perguntar, por que é que eu rejeito chamadas, não respondo essas mensagens e tento ao máximo me encher de programas entre os amigos? Não, te juro que ela não é um canhão. Aliás, bem pelo contrário. Uma baita gostosa. Pernão, cintura fina, boa de sutiã, e aparentemente, boa sem também. Cabelo natural, daqueles que dá vontade de ficar cheirando e passando a mão o tempo inteiro. E uma boca graúda, miudinha, mas quando com batom me dá aquela vontade de tirar inteiro, pra desarrumar um pouquinho tanta vaidade. É gata, tô te falando. O pior: o negócio é mais complexo do que comer e largar fora, entende. Ela se dedica a me mostrar o melhor dela, e em ser especial, única. 

Ainda é inteligente. Se esforça no curso que tá terminando, trabalha e faz tudo isso sozinha, dirigindo pela cidade o carrinho pequeno e popular que os pais deram. Nunca repetiu no colégio, passou de primeira no vestibular e faz as palavras cruzadas de manhã, comendo iogurte logo depois de lamber a tampa. Não me liga a cobrar, e nem a toda hora. E brother, ela entende ainda aquelas nossas figuras de linguagem, e ironias. Faz piadas nos momento adequados, e com a dose certa de humor - nem querendo bancar a palhaça desesperadamente, e nem com o ar arrogante dos pessimistas. Corre no calçadão um dia sim e outro não, e tem um puta gosto musical. Entende de música, assim como compreende todo o resto de um mundo que eu desconhecia até então. Lava a louça depois do jantar, mija de porta fechada, e toma cerveja. Cara, ela toma cerveja! Ponto positivo, eu sei. Além de, não ser fresca para comer. Gosta de tudo, menos de tomate - assim como eu; olha que coincidência. Me arriscaria até mesmo a dizer que, se fosse em outra vida, ela era mesmo a mulher com quem eu envelheceria do lado, e teria netinhos, e todas aquelas pieguices que a gente quer, e no fundo nem deixa claro.

E então, aqui estou eu, te contando que me policio pra não atender esse mulherão em potencial, e me vigiando pra não encher demais a bola da musa, e sim, correr da esfinge. Seria completamente melhor estar agora do lado de uma lady, bebendo cerveja, vendo filmes de ação (que ela também adora), fazendo sexo e admirando o corpo violão que ela tem. Ela é gente fina, gostosa, engraçada e inteligente. Só tem um defeito que vale por tantas boas qualidades: gosta demais de mim. Gosta tanto que me deixa livre, e desimpedido, apenas conhecedor do sentimento que ela nutre pela minha pessoa desprezível, quiçá esperando que eu tenha um pouquinho de decência e me apaixone por ela de volta também. E não consigo, não rola. Tento, e falta algo, um quê a mais, uma loucura que ela cometa e me faça identificar os possíveis futuros sinais de felicidade, ou um sumiço que me faça se tocar: olha, até sinto sua falta. Mas não. Ela está ali, sempre quando preciso, e eu não quero ir adiante porque eu sei que o estrago será grande. E que minha mediocridade é grande demais pra todo o talento que ela tem para ser a melhor mulher do mundo. Por isso é que repasso a ficha, devolvo a carta ao baralho. Ela é mulher demais pra mim, enquanto eu sou homem de menos pra ela. E a única pessoa que não se tocou disso ainda é a musa, a bela. Quem sabe o silêncio a avise, cara. Tenho total ciência de ser mesmo um ridículo, um babaca, um idiota. Burro, eu sei. Até pra filho da puta acho que sirvo. Não sei nem ao menos gostar de quem gosta de mim, porque no momento só sei gostar mesmo é de mim mesmo, e do meu ego mal massageado. Ela que é a mulher certa, na minha hora que é sempre a errada. Espero que ela entenda, e não me odeie. Não pra sempre. Mas ó: é gostosa, hein.

Camila Paier - http://calmila.blogspot.com/

Ao Som: Taylor Swift - Mine

sábado, 18 de dezembro de 2010

Se Apaixonar

"Perdi aquela necessidade juvenil de me apaixonar toda semana. (Caio F. Abreu)


Nesses ultimos dias, tenho a impressão de que me falta alguma coisa, algo que realmente não da certo para mim: se apaixonar. Sentir aquela coisa de que tudo está ótimo, por que você está apaixonado, mas não só apaixonado por  uma outra pessoa, mas pelo andar, pelo tempo, pelo céu que independente de estar azul ou cinza parece perfeito pra você sair por ai e espalhar sua felicidade a qualquer hora, a qualquer canto. Esperar a janelinha do MSN subir com o nome, e torcer para que ele fale com você e pergunte como foi seu dia e quando pode vê-lo novamente, e cumprir o que disser. Esperar anciosamente que uma tal pessoa te ligue, pra você só ouvir a voz e ficar bem pelo resto do dia, e ver sua vida virar de ponta cabeça por aquela coisa especial que a pessoa e o mundo te provocam no tempo que pensa e fica com essa pessoa ou ate o tormento que ela causa, que se você ficar sem, nada faz sentido, ate você a ver denovo e denovo. Esse ciclo que sinceramente, não sinto por nada e ninguém.
Todos querem me colocar num potinho, dizem que sou para casar, pra guardar pra vida inteira e bla bla bla que ouço a todo instante, que não me surpreendo mais com tanta coisa falada, gosto da ação, das atitudes, das coisas que surpreendam, algo que eu não ouvi ainda, algo que mude com certeza e volte toda a minha atenção para você, ou aquilo que você me causar, pelo simples fato de estar na minha frente. Gosto de amar e ser amada, apesar que tenho muitas dúvidas se isso é possível para mim, pois meu cupido é muito burro e só me deu dores de cabeça nesses meus quase 20 anos de amores, desencontros, encontros. Onde amar foi frustrante, sempre pelo fato de que quando os meus sentimentos a flor da pele e minha personalidade forte de mulher batem de frente, e as pessoas não aguentam, não entende. Dai que prefiro ficar sozinha a não ter a atenção e dedicação que mereço, pois se dou algo, não quero receber nada em troca, mas as vezes é necessário que se faça o mesmo. 
Se apaixonar, amar, é a mais difícil das conquistas. No meu caso, não me surpreendo por qualquer coisa. Um homem precisa me chamar a atenção, muito mais pelo seu intelecto do que pela sua aparência, onde essa fica em segundo plano. Um homem me chama a atenção pelas suas atitudes comigo e presença do que simples falas por ai. Eu gosto de coisas reais, sérias, ao vivo e a cores, coisas romanticas como flores, bailes de máscaras e tomar chuva de verão juntos. Prefiro ficar sozinha a me privar ou não ter essas coisas importantes. Coisas que me chamem a atenção e que marquem para sempre na memória. 
Sou uma mulher, com cara de menina que apesar de antiga, conseque ser um pouco moderna quando tem q ser. Mas ainda sinto que pareço que não sou fácil de esquecer, mas difícil de ser lembrada no dia-a-dia. Eu acredito em contos de fadas modernos, com finais felizes ate o tempo que durarem, talvez eu seja mesmo uma ultima romantica do século XXI com personalidade de princesa moderna, que espera o principe encantado não montado num cavalo branco aparecer e conquistá-la de tal maneira que fiquei evidente que não possa fugir de se apaixonar novamente, por tudo.

Fabby

Ao Som: Vanessa Hudgens e Zac Efron - Can I Have This Dance?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Antiga


- Você é antiga.
- E você não é a primeira pessoa que me fala isso.
- Consigo te ver de vestidos rodados, e meias soquete com sapato. Cintura marcada, e cabelos enrolados. Buscando o leite em garrafa de vidro, a cada manhã. Congelaram o protótipo de mulher ideal das décadas passadas, e por isso é que você já veio ao mundo com opinião, grandiosa. Mulher.
- Isso tudo é o que você fantasiou.
- Você gosta de telefone celular? Não. Você se diverte nas festas com música eletrônica, superlotadas? Detesta. Você não sabe levar relacionamentos inseguros. E quando cede alguns beijos sem compromisso, se ressente todinha, que eu sei.
- São referências, e não fatos. Mesmo gostando muito desse rótulo retrô, acho que as modas voltam. Mudam pouco, rodam ciclos, e retornam. Mais alguns anos, e a promiscuidade cede lugar ao modo vintage de ser, o novo must have.
- Consigo ver você tragando em piteiras enormes, farta de jóias, impecável numa cozinha fazendo o almoço café e jantar, para o marido e os filhos famintos.
- Gosto de cozinhar. E caso quisesse escrever nas horas vagas, será que algo visto com bons olhos no meu verdadeiro antigo tempo?
- Se seu marido fosse um liberal, acho que tudo bem. Admita: você pilota muito melhor fogão, que automóvel. Prefere cartas, longos escritos, às tão banalizadas conversas instantâneas. Esperou para se dar inteirinha para um cara que te ligaria no dia seguinte. Já tomou seus porres, coisa que até os mais idosos de alma fazem, desde os primórdios tempos. Apenas tem preferido a discrição atualmente, o que é respeitável de uma peça antiga como você. Não beija mais que dois na mesma festa, mesmo se for o príncipe dos seus sonhos (que eu tenho certeza que existe no seu lado idade média, admita também). Aliás, se descobriu no barzinho. Cansou do ritmo acelerado e dos papos fúteis da noite badalada. Você está é em extinção.
- Tudo bem, eu admito sim todos esses fatos. Com certo orgulho, talvez. Mais alguma acusação?
- Você não tem piercings, e nem tatuagens. Abre mão das drogas ilícitas, usufruídas por praticamente todo jovem atual. Por você, o cara só beijaria sua mão no primeiro encontro. Pediria em namoro aos seus pais, como sinal de respeito. E o noivado? Numa grande festa, pedindo a sua mão com um anel enorme em brilhante.
- Verdade, verdade. E quem não quer esse romantismo arcaico? Passear de cavalo com longas tranças, ser salva do tédio não sei se pelo príncipe, mas algum Robin Hood da era moderna, que dá alegria à quem precisa, e a tira de quem não valoriza o sorriso com bravura? Muita mulher é assim, e apenas não se assume ser arcaica.
- Você sonha em viajar para o velho continente, Europa, que eu sei também. Escuta as músicas que seus pais hierarquizaram para você, e gosta disso. Não compreende a bissexualidade, mas aceita os homossexuais como quem quer abraçar alguém logo após um acidente: cheia de compaixão. Trair, para você, além de falta de amor é algo imperdoável. É tímida, só se soltando quando já conhece bem o terreno em que pisa. Não faz amizades por conveniência, e nem sai sorrindo por aí, efusiva. Se fecha com seus livros, e mundos paralelos. Satisfeita com sua família, amigas, e outros pouco selecionados. Você é a antítese, o paradoxo.
- O que é contrário sempre se associa a certo medo, e quem sabe, prazer. Não quero ter que provar que gosto do que repugno e aceito o que acho intolerável apenas para agradar aos moderninhos de plantão. Tenho pavor de montanha russa, e a imbecilidade dos jovens quando em bando me dá náuseas. Sou feita para andar em par, em trio. Festa é algo pra de vez em quando, se não deprimo logo. Todas aquelas conversas montadas, as relações superficiais em que um quer mostrar ter mais que o outro me fazem bocejar. Para escapar da rotina, é que ensaio a tentativa de me parecer com todos os outros, ocasionalmente.
- Vão querer te xerocar, qualquer dia. Uma clonagem em massa, do fenômeno que é não pertencer a esse mundo superficial.
- Daí me reinvento mais uma vez, não para seguir algum modismo, mas sim para camuflar a essência um pouquinho, e escapar sem demais arranhões.
- E se você esconder tão bem e o Robin Hood não te perder de vista?
-  Jogo pelo caminho um pouco do elixir da essência: é o que marca, fica, e aponta as setas de quem a gente realmente quer encontrar. Antiga, ou não. 

Camila Paier - http://calmila.blogspot.com/

Ao som: Nenhum de Nós - Você Vai Lembrar de Mim