"Se não guardamos a data de aniversário de quem nos é importante na memória do coração, não vale a pena escrevê-la na agenda!"
Jeocaz Lee-Medii
"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade sei lá de quê!
Florbela Espanca
Sinto muito, mas eu choro. Porque se intensa é assim mesmo: só quem é também reconhece de longe a importância de cada momento como se fosse o último. O ódio de hoje à noite, que adormece febrio para na manhã seguinte acordar cheinho do mesmo amor de antes. Viver de momentos. Segmentar a vida em horas ruins, tardes maravilhosas, noites inesquecíveis (outras nem tanto). Seria bom se esse negócio de guardar mágoa, rancor ou prologar as pazes feitas fosse esquecidos dos mecanismos da mente de todos. Passassem então a sobreviver no now or never, no love ou leave pra sentir como é querer muito e querer agora, pra daqui a pouco se aquietar, numa autonálise das cabreiras ou embravecer com ação fora do roteiro que invade a tela da vida da gente.
Poderia ser tão mais simples se aceitassem a troca de um pouco de razão por um punhado cintilante daquilo que pulsa as veias e intensifica os dias, dá vazão ao sentimento e faz dos atos nobreza, de um abraço apertado o final da choradeira toda, de elogios, um refúgio contra crises e pormenores que a gente aumenta de dimensão, dos relacionamentos, preciosidade: o amor é mesmo o objetivo da vida. Da forma que for, do jeito que existir, entre quem florescer. Doa-se um pouco dessa intensidade, porque antes de querer enfeitar a vida, é preciso sobreviver. Ou endurecer.
Uma ofensa banalizar a minha tristeza. Recorrente, sim, mas nem por isso também menos dolorosa (ou valorosa, enfim). É tudo tão quente que no calor do momento às vezes a dor, a grosseria, ou a indiferença recebem em troco um choro quase infantil. A vida anda difícil, e o povo sabe. Eu só queria um abraço pra desacelerar essa loucura que é a mente maquinando a mil pelo Brasil, o coração tum tum tum tum - quase virando do avesso - a água salgado que cai dos olhos, e cai e pinga por tudo (e não me faz mais menina e menos mulher, como alguns dizem e muitos outros pensam: faz de mim humaníssima. pessoa em estado puro, à flor da pele que fica quase rosa, tanto que se lava).
Camila Paier
Ao Som de: Pitty e Ira Acustico - Eu Quero Sempre Mais




